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terça-feira, 25 de outubro de 2011
Do acaso ao caso
Dessa vez eu nem perguntei o seu signo, na verdade eu nem lembrei, só me dei conta depois que você partiu me deixando com aquele gosto amargo corrosivo péssimo de cigarro que insistia em ficar principalmente em minhas mãos... É as minhas mãos que você fez tanta questão de tocar nessa noite. Qualquer assunto que surgia, uma dúvida, era motivo de me chamar a atenção através dos toques nas mãos, até que num certo instante não soltava mais a minha mão. Sem ensaios, sem premeditar tudo tão natural diante da nossa timidez mórbida, mas que era encoberta pelo nosso bom humor de usar o defeito dos outros a nosso benefício para fazer o outro rir. E mesmo nas independências da América Latina continuávamos a sorrir, mesmo quando falavam do cara que sentia prazer diante de um corpo sem vida, justamente por ter tido sua maior expressão de carinho por sua mãe, num abraço quando ela estava num caixão, sem te olhar, só os algodões encobrindo seus buracos sem nenhuma preocupação. O riso era nosso, porque a vertigem estava longe, porque estavam em segundo plano, porque as pessoas e todos seus paradigmas se estreitavam quando o sorriso vinha. Tão pouco deles, tão nosso sem demora, pressa ou descaso. Ainda deu tempo para três copos de cerveja e alguns cigarros jogados pelas ruas fumaças corroendo almas e era ali que tínhamos que terminar. Como assim sempre me quis e eu nunca te notei? Você fala tão bem sobre a Guerra do Paraguai e todas aquelas guerras que tanto me saciam que seria tão impossível eu não te notar. Certa admiração havia, mas sem excessos, pensei, um colega, alguém que pode me dar boas horas de conversa, mas alguém que eu esperasse algo? Ah isso não. Não que eu espere algo agora, não que eu queira que passe a acender meus cigarros tão diferentes dos seus que pouco evidenciam meu vício, mas me dão um charme que até você não pode fazer pouco caso. Não que eu vá pedir que me leve em casa. Eu sou seu tipo de mulher? Sério? Me desculpa, mas eu me delicio usando frases de efeito e me fingir de surpreendida, só pra não ter que dizer algo, só pra manter esse instante assim tão seu e deixar claro minhas superficiais intenções a seu respeito. Não é que eu vá fugir e não te passe o meu número ou não responde suas mensagens. É só que esse tipo de atitude não vai mais provir de mim, não mesmo, nem que eu me torture, nem que eu tenha que desligar o celular e desconectar a internet, não serei eu que discará primeiro. A urgência do sentimento me apavora, não sei pra quê tanto tudo bem e como foi o seu dia. Continue sem roteiros, a intenção é ser sincero? Pergunte quando a vontade vier, não faça por obrigação ou pra obrigar uma vida a se encantar e depender dos vis coloridos que cada frase inventada montada ou ajeitada dá pra cada solitária vida. Amanhã repetir? Quem sabe, quem sabe...
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